Tentar entender como os professores negros vivenciam e encaram as relações dentro das escolas públicas foi o objetivo do Professor de jornalismo da Universidade Santa Cecília (Unisanta) Marcus Vinícius Batista, na dissertação de Mestrado “Giz de Cor – Um Olhar de Professores Negros sobre as Relações Raciais na Escola Pública”, defendida neste mês.
“As conclusões do trabalho são contraditórias, pois os professores negros enxergam discriminação racial dentro da escola, mas não enxergam discriminação contra eles mesmos. Alunos contra alunos, estrutura da escola contra alunos, mas não se sentem discriminados”, afirma Batista.
Ao mesmo tempo Batista diz que os professores negros sempre enfatizam que possuem alto nível profissional para evitar a discriminação, ou seja, em outras palavras estão dizendo que são bons profissionais justamente para se defender da discriminação. Outro fato contraditório é que vivenciaram ou conheceram pessoas próximas que sofreram segregação racial.
Os professores negros têm muita conexão com a África, fator apurado por Batista, “os professores tem vínculo com a África e levam para a sala de aula a consciência africana”. Acham que as políticas públicas são falhas, só reforçam a discriminação, e a estrutura do ensino brasileiro ignora historicamente os negros, diz Batista.
“O Brasil é um país mestiço, gerando confusões étnicas, pois aqui raça é considerada fator cultural. Há critérios de relações culturais, por exemplo: se é branco na Bahia, o sujeito pode ser “rotulado” de negro no interior de Santa Catarina . Hoje em dia se define raça pela aparência, não pela ancestralidade”, conclui.
Com louvor e sugestão para publicar em livro sua Dissertação de Mestrado na área de Educação, apresentado perante a banca da Universidade Católica de Santos, Batista entrevistou quatro professores da rede pública, três mulheres e um homem, entre 25 a 41, anos com nível superior, sendo que todos são a primeira geração com diploma universitário na família.
A metodologia empregada na dissertação foi a pesquisa qualitativa, que dá maior ênfase a perguntas aprofundadas com menor quantidade de pessoas envolvidas, e a história oral, que abrange perfil, infância, adolescência, em estado civil dos entrevistados.
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