Dois trabalhos paralelos ao treinamento dentro da água estão sendo desenvolvidos com os atletas da UNISANTA para melhorar suas performances. Trata-se do Plenitude, coordenado pelo ex-nadador e técnico Joel Moraes Santos Júnior, e a Multinatação, coordenada pelo professor Ednaldo Herculano de Miranda Jr, o Mano. Os dois trabalhos surgiram em épocas diferentes, mas com o objetivo de elevar a técnica, a concentração e a coordenação dos nadadores, tornando-se um diferencial.
Segundo Mano, a Multinatação é uma nova atividade realizada no meio líquido e visa estimular o conhecimento corporal para que o atleta possa otimizar patamares técnicos diferenciados nos quatro nados, bem como para seus fundamentos. A idéia surgiu há dez anos e o objetivo do técnico era criar um nado mais rápido que o crawl.
Hoje, as tentativas de criação do “novo nado” resultam em cerca de 60.000 multinados e a meta de obter um nado que supere o crawl ainda o acompanha.
A Multinatação também pode ser praticada por atletas de outras modalidades e por pessoas comuns, sem restrições. A atividade visa a qualidade de vida, podendo ser utilizada como instrumento de treinamento específico ou como modalidade complementar no meio esportivo. “Formulei a atividade para que fosse útil e fizesse bem às pessoas em geral”, diz Mano.
O trabalho é desenvolvido na UNISANTA desde 2005, quando os atletas que iam para o Troféu Brasil daquele ano adotaram o recurso no período de trabalho específico para a competição. Para o idealizador do projeto, o maior benefício trazido pelas sessões de Multinatação é a eficiência na performance que o contato com a água pode trazer para os atletas.
A diferença entre um treino de natação convencional e um de Multinatação é o nível de detalhamento de execução. “Enquanto na natação competitiva se objetiva metragens e intensidades bem equilibradas, no treinamento de Multinatação o foco, além destes, é a qualidade hidrodinâmica”, explica.
O maior desafio encontrado pelo treinador nesse período é difundir seu trabalho da maneira que gostaria, com o espaço necessário. Em contrapartida, a satisfação de viajar pelo País e observar, mesmo que pouco a pouco, sua idéia ser adotada por outros profissionais faz com que ele
Para o ex-nadador Joel Moraes dos Santos Júnior, uma atividade complementar e diferenciado não precisa ser necessariamente dentro da água. O Plenitude, ou Pleni como é chamado pelos atletas, é um trabalho realizado fora da piscina que visa preparar o nadador para as situações que ele vai ter que enfrentar na competição. “O nadador pode treinar 500 viradas, 500 saídas e 500 chegadas, mas raramente ele treina como agir diante da situação de tensão pela qual vai passar na competição, por exemplo, e esse fator pode prejudicar todo o treinamento aquático desenvolvido”, explica.
Segundo Joel, o objetivo do Pleni é fazer com que o atleta comande os próprios pensamentos, ao invés de deixar que eles sejam passivos. Isso significa, na filosofia do técnico, fazer a competição ou a prova perfeita acontecerem, e não esperar que elas simplesmente cheguem.
O ex-nadador conta que adaptou sua vivência como atleta, e agora como técnico, aos livros que lia sobre motivação e esporte e assim conseguiu formular idéias e entender as necessidades e medos de um atleta. Ele diz que dessa maneira, sua relação com seus atletas transcendeu o limite técnico e nadador e foi além, onde o técnico também desempenha um papel de conselheiro e companheiro.
O Pleni surgiu da necessidade dos próprios atletas. Joel sempre gostou de escrever e levava textos para ler durante alguns treinos e os atletas começaram a pedir cada vez mais material. As mensagens falavam sobre concentração, técnica de nado, motivação, mentalização e histórias reais onde essas técnicas se comprovam. Dessa situação surgiu o “Plena Atenção”, que depois se tornou Plenitude.
Os três pilares do Pleni são: atitude, plus e detalhe e os fundamentos trabalhados são: motivação, visualização, fortalecimento emocional e noção de equipe. Como o próprio nome propõe, os atletas devem atingir um estado pleno, qualquer que seja a atividade proposta.
Os resultados, de acordo com Joel, são os melhores possíveis, pois o atleta aprende a se concentrar, a lidar com a insegurança, com a frustração, enfim, aprende as regras do jogo e os resultados são obtidos dentro da água com a melhora do tempo.
As sessões de Plenitude são semanais e duram em média 50 minutos. Atletas do infantil, juvenil e sênior participam da dinâmica, mas para cada grupo o objetivo e a metodologia são diferentes.
O técnico diz que a maior dificuldade encontrada desde o ano passado, quando o Pleni começou, é convencer a equipe adulta de que se trata de um processo simples. Com relação a projetos futuros, a idéia de Joel é promover reuniões de Pleni para pais, já que eles possuem grande influência sobre seus filhos.
O ex-atleta finaliza advertindo que todo trabalho complementar é importante mas nada substitui o treinamento específico de natação.