Espetáculo “O Baú de Candoca” encerra temporada celebrando os 56 anos do TEP Unisanta

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Após quase dois anos de apresentações e uma bem-sucedida turnê por Santos e outras cidades da região, o espetáculo O Baú de Candoca chega ao fim de sua temporada com uma última apresentação especial no próximo sábado, 6 de julho, às 18h, no Teatro Rosinha Mastrângelo. A sessão, com entrada gratuita e classificação etária livre, é viabilizada por meio da PNAB – Política Nacional Aldir Blanc.

Montado pelo TEP (Teatro Experimental de Pesquisas), grupo da Universidade Santa Cecília (Unisanta), o espetáculo foi concebido a partir do conto homônimo da escritora portenha radicada em Santos, Beatriz Rota-Rossi, colaboradora frequente do grupo. A adaptação, direção e iluminação são assinadas por Gilson de Melo Barros, com assistência de direção de Lívia Mendes.

Com uma linguagem de Teatro-Painel, a montagem transita entre a estética da contação de histórias e o universo do circo, utilizando o humor farsesco para discutir a degradação de uma família tradicional, afetada pela cobiça, pela especulação imobiliária e pela quebra de valores éticos e de respeito entre gerações. A crítica social é reforçada pela abordagem do etarismo — preconceito contra pessoas em razão da idade —, em uma leitura provocativa e atual.

A trilha sonora original, composta por Julinho Bittencourt, combinada com sonoplastia de Jota Amaral, reforça o tom dramático e reflexivo da encenação. O elenco reúne artistas de diferentes faixas etárias — entre 17 e 80 anos —, destacando-se como uma das marcas do TEP. Estão em cena os atores Adilson Secco, Cesar Magalhães, Cícero Pinto, Edelvira Azevedo, Henrique Pergolizze, Lívia Mendes, Mariana Gomes e Melissa Mardones. A produção é assinada por Tales Ordakji e Pedro Paulo Zupo. Os figurinos foram criados por Lindalva Parolini e Gilson de Melo Barros, e a maquiagem desenvolvida por Rose Magalhães.

Com 56 anos de atuação, o TEP é um dos mais antigos e ativos grupos teatrais da Baixada Santista. Fundado em 1969, o grupo nasceu a partir do movimento de teatro estudantil santista, firmando-se por seu compromisso com o Teatro Dialético, o Teatro de Autor e por sua postura crítica e experimental. Desde então, tem desenvolvido uma produção artística voltada à investigação de novas linguagens e à reflexão social.

Nos anos 1980, o grupo participou ativamente de uma campanha de apoio ao cartunista Henfil, vítima da AIDS. A iniciativa, que não chegou a tempo de salvar o artista, impulsionou a criação do Gapa/BS (Grupo de Apoio à Prevenção à AIDS da Baixada Santista), idealizado por Nanci Alonso, uma das fundadoras do TEP, que até hoje preside a instituição, com o grupo servindo como um de seus braços culturais.

Nos últimos 34 anos, o TEP mantém uma parceria contínua com a Universidade Santa Cecília, sob a coordenação do professor Gilson de Melo Barros, realizando diversas atividades teatrais que envolvem a comunidade santista. Durante a pandemia de Covid-19, o grupo adaptou sua atuação para o formato audiovisual, retomando posteriormente os espetáculos presenciais com mais vigor.

Com O Baú de Candoca, o grupo celebra mais de meio século de resistência artística e engajamento social, reafirmando sua relevância cultural e sua disposição para provocar reflexões profundas sobre a sociedade contemporânea. EVOÉ!