Por: Carlos Ratton
No dia 4 de outubro, será realizada a estreia do documentário Nossa Louca Resistência, que acontece em duas sessões – às 19h30 e às 21 horas – no Consistório da Universidade Santa Cecília (Unisanta) – Rua Oswaldo Cruz, 277 – Boqueirão. O ingresso é gratuito, mas as vagas são limitadas. Não perca e inscreva-se aqui: https://bit.ly/NossaLoucaRessistencia
A obra – roteirizada e dirigida pelo jornalista Carlos Ratton – mostra o passado e o presente do prédio da antiga Casa de Saúde Anchieta. Na década de 80, recebia pessoas com problemas psicológicos, dependentes químicos que, vítimas do preconceito da sociedade, eram submetidos a tratamentos de choque e torturas no hospital psiquiátrico conhecido como Casa dos Horrores.
Como o filme Colchão de Pedra, o projeto tem função pedagógica e, neste sentido, abriu para participação de uma equipe universitária formada pelos alunos de Jornalismo e Psicologia Adriano Silva Bastos, Indira Coelho de Souza, Marcela Moreira Perdigão, Nathalia Facion, Mikaely Fernanda, Geovanna Norato Caraviello, com participação especial de Telma de Souza e Lívia Valenttina (criança).
História
Passadas mais de três décadas da intervenção municipal – iniciativa que mudou os rumos do local – o cenário é outro. No interior de paredes que ecoavam gritos de desespero, só há música, afazeres domésticos, vozes de crianças brincando, reuniões dominicais de 69 famílias. São mais de cinco dezenas crianças, pessoas com deficiência e idosos que vivem há anos no prédio do antigo manicômio.
Há dois anos, as famílias inteiras ocupam o prédio do Anchieta e lutam nas ruas de Santos para não serem despejadas. Foram várias manifestações públicas e passeatas para sensibilizar a opinião pública e a Justiça.
A questão da falta de habitação é uma ferida há décadas aberta sem solução. Seria preciso pelo menos 100 mil moradias dignas para acabar com o martírio de uma população que mal tem saneamento básico, fundamental para a saúde humana.
Nossa Louca Resistência acontece no ano em que a Frente da Luta Antimanicomial Baixada Santista promoveu, na Praça Mauá, no Centro de Santos, uma ação para chamar a sociedade para o diálogo e compreensão sobre o cuidado em saúde mental. O evento público chamou-se “Alinhavando Mentes” e faz parte do filme.
As bandeiras da Frente são pelo fim dos manicômios, da lógica manicomial, contra as formas de opressão e exclusão social, por cuidado em liberdade, em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e por um SUS antimanicomial.
A Luta Antimanicomial vai se configurando a partir das discussões da Reforma Psiquiátrica, que ocorreram na década de 70 ao redor mundo. Na década de 80, ganham forças a partir da organização de trabalhadores da saúde mental, junto às pessoas usuárias de serviços/pacientes de cuidados em saúde mental e familiares.
O Movimento Nacional da Luta Antimanicomial nasceu há mais de 30 anos, alinhado às lutas sociais, defesa dos Direitos Humanos e respeito à vida. O movimento cresceu e avançou para outras importantes bandeiras de luta, como a Reforma Psiquiátrica, a Redução de Danos, a Gestão Autônoma de Medicação (GAM).
A obra Nossa Louca Resistência tem patrocínio da Unisanta e apoio cultural do Diário do Litoral. O filme conta a participação de grandes profissionais da Baixada Santista, tem a Direção de Fotografia assinada por Tony Valentte e música tema pelos músicos Luciano Albano e Roberto Canuto.