O novo governo do Timor Leste, eleito e empossado em abril após 25 anos de dominação pela Indonésia, cumpriu sua promessa e estendeu o Programa Alfabetização Solidária até julho de 2003. Havia dúvidas sobre a continuação do projeto, previsto para terminar em agosto deste ano.
A informação é do professor e biólogo João Alberto Paschoa, da Universidade Santa Cecília (UNISANTA), e foi transmitida a ele pela coordenadora executiva do Programa no Timor, professora Regina Esteves, após contato com o ministro da Educação daquele país, Armando Maia.
João Paschoa, coordenador do projeto na UNISANTA, retorna ao Timor no próximo domingo (23) pela nona vez, a fim de prosseguir o programa de capacitação de professores iniciado há dois anos. É sua primeira visita depois ser empossado o novo governo, dia 20 de maio, sob a presidência de Xamana Gusmão.
Dificuldades – Paschoa sabe que o Timor Leste enfrenta alguns problemas estruturais, de comunicação e transporte, por exemplo, desde a saída da ONU do país. “Sei que um dos distritos em que temos atuado, o Enclave de Oe-cusse, não tem mais vôos diários”, afirma o professor. Apesar das dificuldades, ele confia nas pessoas envolvidas no projeto e acredita que os resultados são promissores.
O Alfabetização Solidária já capacitou no Timor 200 professores. A meta do governo timorense é erradicar o analfabetismo em cinco anos, com ajuda do governo e das cinco universidades brasileiras que integram o projeto. Atualmente, 55% dos 850 mil timorenses não sabem ler ou escrever.
Segundo o ministro Maia informou a Paschoa em sua última visita, apenas com os próprios recursos, os timorenses só conseguirão acabar com o analfabetismo em 20 anos.
O Programa Alfabetização Solidária deverá alfabetizar naquele país cerca 800 pessoas nos anos de 2001 e 2002. Hoje são 3.500 alunos matriculados, o que faz pressupor um efeito multiplicador de três mil alfabetizados a curto prazo, contando a natural evasão.
O professor da UNISANTA participará, com mais quatro professores brasileiros e cinco do Timor Leste, da elaboração do currículo do novo país.
A Constituição do Timor, votada recentemente, proclamou o Português a língua oficial e o tetum como a língua do povo. Mas outros falam línguas diferentes, como o baiqueno. Por influência da ONU, alguns falam inglês. O português de Portugal foi rejeitado, porque o Timor também foi colônia portuguesa, o que gerou conflitos e mágoa, lembra João Alberto Paschoa.
As aulas de alfabetização são dadas em Português, na presença de outro professor, que as traduz para o tetum.
Convite – A UNISANTA foi uma das três primeiras universidades convidadas pelo governo federal para iniciar o projeto piloto de Alfabetização no Timor, em maio de 2000, entre a 174 instituições que então participavam o Programa Alfabetização Solidária no Brasil. As dez classes iniciais passaram para 141 salas (dez por distrito), das quais a UNISANTA foi responsável por 31, com 850 alunos, neste primeiro semestre.
Hoje são cinco universidades parceiras, além do governo federal e de empresas, coordenados pelo MEC e pela Coordenadora Executiva Geral Regina Esteves. A presidência de honra é a primeira dama Ruth Cardoso.
No último dia 12, o professor Paschoa foi condecorado pela
Ordem de Rio Branco com o grau de Oficial.
Na foto, o professor com a Coordenadora Executiva do Programa
Alfabetização Solidária, Regina Esteves.