(Santos/SP) – O quadro de analfabetismo entre adultos, cerca de 20% da população do município de Barão de Melgaço, no estado do Mato Grosso, começa a ser revertido com a abertura da 19ª edição do Curso de Capacitação do Programa Alfabetização Solidária (PAS), iniciada na manhã desta quinta-feira, dia 28, na Universidade Santa Cecília (UNISANTA), em Santos.

Quarenta alfabetizadores estarão em Santos até o próximo dia 3 de agosto participando de oficinas, palestras e visitas culturais que integram o programa desenvolvido pela Universidade, com apoio do Programa de Incentivo à Leitura da Baixada Santista (Proler/BS/UNISANTA), da Prefeitura Municipal de Santos e do Jornal Escola A Tribuna.

Além dos moradores de Barão de Melgaço e de Nossa Senhora do Livramento, no Mato Grosso, que participam pela primeira vez do Alfabetização Solidária, a UNISANTA recebe capacitadores das cidades de Benjamin Constant e Maués, no Amazonas.

O programa prossegue nesta quinta-feira, às 14 horas, na sala 43 do Bloco D do Campus, com a oficina A mágica linguagem dos sentidos e a transformação na Arte de Ensinar, com a pedagoga e neurolingüísta, Louizete Coelho. Às 19 horas, no mesmo local, a psicóloga Cristiane Branco abordará o tema Descobrindo Pessoas.

Nesta sexta-feira, dia 29, às 8h30, a professora de Língua Portuguesa e alfabetizadora, Tereza Emília, ministrará a palestra De longe todas as estrelas parecem iguais… Às 14 horas, a Secretária de Esportes de Santos, Gilmara Guerrissi, abordará o tema Corporeidade não tem idade, e às 19 horas, a pedagoga e contadora de histórias, Selma Constantino, falará sobre Alfabetizando com Histórias. As três atividades serão realizadas na sala 43, do Bloco D do Campus.

Determinação – Para o professor de crianças, Manuel Antonio Souza do Nascimento, 41 anos, morador na cidade de Barão de Melgaço, começo do Pantanal, em Mato Grosso, o programa pode promover grandes mudanças naquele município, que conta com sete mil habitantes, em sua maioria pescadores e lavradores.

“Os políticos têm interesse em que as pessoas saibam pelo menos escrever seus nomes com o objetivo de conseguir votos, mas nosso desejo é levá-las a exercer a cidadania e fazer com que tenham orgulho de ler e escrever”, comentou o alfabetizador.

O impacto do programa em várias regiões do País com alto índice de analfabetismo entre jovens e adultos foi mencionado pela diretora-presidente do Instituto Superior de Educação Santa Cecília, prof.ª Dra. Lúcia Maria Teixeira Furlani. “O contato com um novo ambiente cultural e social dará esperança de evolução do conhecimento e de um mundo melhor para todos os participantes do programa”, enfatizou Lúcia.

A educadora comentou ainda sobre a importante atuação da UNISANTA no programa Alfabetização Solidária – Grandes Centros Urbanos, que alfabetiza adultos na periferia da região, como no México 70. “É um trabalho sério, que envolve também a atividade voluntária de alunos de graduação, e possibilita a troca de experiências e até mesmo a transferência de saberes populares aos futuros profissionais”.

A reitora da UNISANTA, profa. Dra. Sílvia Ângela Teixeira Penteado, ressaltou que as diferenças culturais do país podem ser unidas pela educação, num projeto firmado na igualdade e fraternidade. “Temos orgulho de ser uma das Instituições responsáveis pela redução do analfabetismo no Brasil e no exterior, como aconteceu no Timor Leste, onde a Universidade teve papel fundamental na reconstrução daquela pátria, com a implementação do Programa Alfabetização Solidária”, disse a reitora.

Desde a criação do Programa, os cursos de capacitação da UNISANTA permitiram que fossem capacitados 1.350 educadores que atenderam 29 mil pessoas em cidades do Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Na UNISANTA, a organização está a cargo do diretor da Faculdade de Ciências e Tecnologia, prof. Roberto Patella; do coordenador geral, prof. dr. Fábio Giordano; dos coordenadores setoriais, professores João Alberto Paschoa e Arnaldo da Silva Santana, da gestora administrativa, professora Lucilene Mendes Pais e da coordenadora do Proler-BS/UNISANTA, professora Conceição Dante.

Programação – Antes mesmo da abertura oficial, a Universidade deu início às atividades na última terça-feira, dia 26, com a palestra O compromisso do alfabetizador, ministrada pelos coordenadores do PAS, professores João Alberto Paschoa e Arnaldo da Silva Santana.

Dia 30 de julho, sábado, os educadores assistirão à palestra Oficina de jogos pedagógicos com sucata, na sala D-43, e visitarão a Brinquedoteca da UNISANTA, acompanhados pela ludotecária Camila França da Hora. Às 14 horas, Teatro na Educação será o tema abordado pelos dramaturgos, Ivan Matvichuc e Fátima Queiroz, na sala D-43.

Domingo, dia 31, a partir das 8h30, o dia será reservado para atividades culturais, realizadas na barraca de praia do Sindicato dos Professores.

Olhar com os olhos de ver será o assunto discutido, na segunda-feira (1º/8), às 8h30, pela pedagoga e professora de Língua Portuguesa, Vera Machado. Alfabetização e Cultura no Século XXI – a preparação do professor para enfrentar desafios, será abordado, às 14 horas, pela coordenadora do Jornal Escola de A Tribuna, Sílvia Costa; e Métodos para a avaliação serão discutidos, às 19 horas, pela gestora administrativa do PAS, Lucilene Pais. As palestras ocorrem no Cineclube Lanterna Mágica da UNISANTA (Rua Cesário Mota, 8).

Alfabetizadores visitam pontos históricos de Santos

Na terça-feira, dia 2/08, às 8h30, o coordenador do curso de Licenciatura em Matemática da UNISANTA, prof. dr. Marco Antônio de Jesus, falará sobre Formalização de conceitos e operações matemáticas básicas, no Cineclube Lanterna Mágica. Das 13h30 às 16 horas, os educadores conhecerão pontos históricos da cidade, como a Prefeitura, a Câmara Municipal, o bonde, e o Memorial das Conquistas do Santos FC.

No mesmo dia, às 19 horas, a professora de música Ana Maria Canéo abordará os temas A prática afetiva da linguagem musical como uma extensão da sala de aula e Repartindo sons e emoções na troca do repertório cultural daqui e de lá, ambos no Cineclube Lanterna Mágica.

Encerramento

As atividades terminam na quarta-feira, dia 3/08, com o encerramento da 19ª edição do curso, às 9h30, no Anfiteatro do Bloco D (Rua Oswaldo Cruz, 266).

O Programa Alfabetização Solidária foi criado pelo Conselho da Comunidade Solidária em janeiro de 1997, com o objetivo de reduzir os índices de analfabetismo entre jovens e adultos no País, na faixa etária de 12 a 18 anos. Para tal, os alfabetizadores utilizam um método adotado pelo MEC, baseado em Paulo Freire.

Em novembro de 1998, foi criada a Associação de Apoio ao Programa Alfabetização Solidária, uma organização não-governamental (ONG), sem fins lucrativos e de utilidade pública, que passou a ser responsável pela execução do Programa.
Todo o trabalho é realizado com base em parcerias, mantidas com o Ministério da Educação (MEC), universidades, empresas, instituições, governos estaduais e pessoas físicas.

As instituições de ensino superior executam as atividades de alfabetização desenvolvidas pelo Programa, desde a seleção e capacitação dos alfabetizadores até o acompanhamento e avaliação dos cursos.

O Alfabetização Solidária atua em municípios do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, com prioridade para as cidades com os maiores índices de analfabetismo, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).