A Universidade Santa Cecília (UNISANTA) é a única do País convidada pelo governo brasileiro para retomar oficialmente os contatos com o Timor Leste, visando reiniciar o programa de Alfabetização Solidária naquele país.
O doutor Fábio Giordano, diretor da Faculdade de Pedagogia da UNISANTA e supervisor do Alfabetização Solidária na Universidade, permanecerá no Timor de 10 a 20 de novembro, com a dra. Alice de Abreu Pessoa, representante da Agência Brasileira de Cooperação Técnico-Científica do Itamarati e a dra. Regina Célia Vasconcelos Esteves, coordenadora nacional do Programa de Alfabetização Solidária.
A Universidade Santa Cecília participa dos esforços de alfabetização no Timor Leste desde a primeira missão brasileira, em julho de 2000, com o envolvimento do professor Giordano, mestre em Educação, “sedimentando valores humanistas e formação à cidadania ativa”, afirma a reitora da UNISANTA, dra. Sílvia Ângela Teixeira Penteado.
A missão precursora foi em Dili, capital das primeiras dez salas do projeto. O projeto piloto de alfabetização começou com dez salas de aula, mantidas por três universidades. A segunda missão oficial foi em janeiro de 2001, com a presença do presidente Fernando Henrique Cardoso. Foram implantadas 130 salas em 13 distritos, a cargo de cinco universidades brasileiras. A terceira missão começa em novembro.

Riscos e homenagens

O professor João Alberto Paschoa, coordenador do Alfabetização Solidária na UNISANTA, realizou oito viagens ao Timor, entre 2001e 2002. Ficou responsável por três dos 13 distritos do país, dois deles na fronteira e um no enclave Oe Cussi, na Indonésia. Por sua atuação no Timor, Paschoa e Giordano receberam a comenda de Oficiais da Ordem do Rio Branco, concedida pelo governo brasileiro.
Os dois enfrentaram riscos durante suas missões no Timor, país envolvido em diversas lutas internas e externas. O governo de Xamana Gusmão, eleito dia 14 de abril de 2002, após 25 anos de dominação pela Indonésia, manifestou oficialmente que pretende continuar contando com o trabalho de alfabetização em Língua Portuguesa falada no Brasil. A meta é erradicar o analfabetismo em cinco anos, com ajuda do governo brasileiro e das cinco universidades brasileiras que integram o projeto. Segundo dados de 2002, cerca de 55% dos 850 mil timorenses não sabem ler ou escrever.
Em abril daquele ano, o biólogo e professor João Alberto Paschoa ouviu, do então ministro interino da Educação Armindo Maia, que os timorenses, com seus próprios recursos, só conseguiriam acabar com o analfabetismo em 20 anos.
A UNISANTA atuou nos distritos de Cova Lima, Ainaro e o Enclave de Oe-cusse. “Fomos escolhidos para atuar nos distritos mais problemáticos, que ficam na fronteira da Indonésia. Essa tarefa nos orgulha”, afirmou Paschoa.
A Constituição do Timor, votada recentemente, proclamou o Português a língua oficial e o tetum como a língua do povo. Mas outros falam línguas diferentes, como o baiqueno. Por influência da ONU, alguns falam inglês. O português de Portugal foi rejeitado, porque o Timor também foi colônia portuguesa, o que gerou conflitos e mágoa, lembra João Alberto Paschoa.
As aulas de alfabetização são dadas em Português, na presença de outro professor, que as traduz para o tetum.