O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) para a cidade de Santos, no mês de maio, apresentou aumento de 0,06% em relação aos preços do mês anterior e sinaliza retração no mercado.

O IPC do primeiro mês do exercício de 2005 apresentou forte alta, principalmente se comparado ao aumento de dezembro, quando a inflação praticamente não existiu. No entanto, em fevereiro, passados os efeitos dos aumentos sazonais como IPTU e mensalidades escolares, a pressão sobre os preços reduziu-se substancialmente, chegando no mês a uma variação de 0,33, e em março praticamente ficou estável devido às medidas adotadas para conter a economia. No entanto em abril novamente as pressões inflacionárias voltaram a se refletir no índice mensal, apesar da queda na atividade econômica, o que mostra que continuam as pressões dos preços administrados se refletindo na cadeia produtiva e de serviços, obrigando a reajustes para recuperação de margens. Em abril a queda da demanda prevaleceu e os preços não sobem.

CONJUNTURA ECONÔMICA

A elevação das taxas de juros pelo Copon (19,5% a. a.) está paralisando a economia, que apresentou quedas na produção industrial em abril e se reflete agora no índice de inflação que ainda é positivo devido aos preços administrados de setores monopolistas ou oligopolistas que mantêm seus aumentos por força de contratos, independentemente da demanda estar ou não aquecida.

Como já mencionado, vários serviços públicos previamente indexados alimentam de forma constante os índices de inflação, pois afetam os custos da produção que, por sua vez, obrigam as empresas a reajustar em produtos e serviços. Pode-se citar a telefonia, os remédios, os planos de saúde, a energia elétrica e outros. Também o encarecimento do capital devido ao aumento das taxas básicas de juros, acaba por refletir na disposição das empresas em investir na capacidade produtiva. Com isso a oferta fica restrita e força o desequilíbrio do mercado, tendo como conseqüência o aumento dos preços.

Os recentes acontecimentos estão alterando de certa forma o panorama até então existente, o real está sendo desvalorizado e com isso os produtos importados devem subir um pouco. Por outro lado os setores exportadores são beneficiados e têm mais estimulo para a venda ao exterior. No entanto o pior efeito está na fuga de investimentos externos que, devido às denúncias podem se afastar do Brasil, estimulando o governo a novas altas na taxa de juros no intuito de atrair capitais.

Para 2005 continua a expectativa de uma expansão elevada da economia mundial, algo por volta de 4%, o que poderá, a exemplo de 2004, ajudar no crescimento da economia interna. Mas certamente o desempenho da economia nacional em 2005 será bem inferior e até há possibilidade de uma estagnação. Este quadro nos permite prever que o risco de descontrole da inflação é remoto e que a inflação pode ser menor que o previsto, se mantido o controle monetário tão apertado. Como conseqüências a qualidade de vida e as oportunidades de emprego ficam mais sombrias, bem como remotas as possibilidades de crescimento. Reiteramos que uma alternativa é a redução da carga tributária, que permitiria mais dinheiro em circulação e maior volume de impostos seria arrecadado pelo volume de transações efetuadas. Um enxugamento das despesas públicas deve ser urgentemente providenciado, aliado a uma gradual queda nas taxas básicas de juros, privilegiando os investimentos produtivos para garantir a competitividade do mercado.

De forma mais específica é feita a seguir análise detalhada por grupo das principais variações apuradas no mês:

– Grupo Habitação: Queda de preços (deflação) em -0,76% tendo como causa várias reduções de preços, notadamente dos eletrodomésticos, com redução de 7,6%.

– Grupo alimentação: Apresentou inflação de 0,72%, tendo como principal motivo a elevação dos preços de produtos in-natura com 3,48%. Este comportamento pode estar ligado aos problemas com a safra e às dificuldades de distribuição pelas chuvas de maio. Os legumes tiveram aumento de 9,38% em média e as verduras de 8,09%.

– Grupo transportes: Constatou-se queda (deflação) de -0,41% sendo este índice influenciado por forte queda no preço do álcool em -10,87%, além de redução nos preços de habilitação para dirigir em -3,78% e no aluguel de veículos em -2,33%.

– Grupo despesas pessoais: Apresentou inflação de 0,34%, sendo influenciado pelo aumento do preço das bebidas não alcoólicas em 2,07%, produtos de higiene e beleza em 0,80% e ainda os serviços pessoais como barbeiro e cabeleleireira/manicure com aumentos de 21,12% e 10,24% respectivamente.

– Grupo saúde: Houve acréscimo de 1,36% decorrente da alta de preços dos planos de saúde, em média 3,46%, o que já vem acontecendo por quatro meses consecutivos.

– Grupo vestuário: Inflação de 1,06% tendo como causas aumentos nos sub-grupos roupas de mulher e roupas de criança em 2,8% e 2,75% respectivamente. A queda de preço das roupas masculinas compensou parcialmente estes efeitos.

– Grupo educação: Apresentou pequena variação positiva de 010% motivada pelo reajuste de preço dos livros didáticos em 2,0%.