Ele faz sua décima viagem à Antártica na próxima segunda, dia 6/12

André Belém já se acostumou a passar a noite de Natal e a virada de ano em um cenário inusitado para a população mundial, dentro de um navio no lugar mais frio do planeta, o continente gelado da Antártica.

Pela décima vez, o professor do Curso de Gestão da Qualidade (Petróleo e Gás) da Universidade Santa Cecília (Unisanta) embarca para o extremo sul do planeta, mas com uma nova função: realizar a Avaliação de Impacto Ambiental das atividades da Expedição Antarctica XXI, que leva turistas à Antártica.

Belém já participou de pesquisas no programa antártico dos governos brasileiro (Proantar), americano (Polar Program – National Science Foundation) e alemão (Joint Global Ocean Flux Study), quando desenvolvia projetos de mestrado e doutorado, este último título obtido no Alfred Wegener Institut, na Alemanha.

Pela sua experiência, conhecimento científico e geográfico do pólo sul adquiridos ao longo dos anos, o professor Belém foi convidado a trabalhar junto a uma empresa turística, desde 2009, ministrando palestras a bordo do navio sobre a história da Antártica, oceanografia, mudanças climáticas, gestão ambiental, além de conduzir os tripulantes a alguns dos pontos mais espetaculares do continente antártico.

A Antártica na sala de aula – Como professor do curso de Gestão da Qualidade, na Unisanta, Belem tem a oportunidade de exemplificar com muita propriedade temas da disciplina Legislação e Gestão Ambiental. “O que faço a bordo é exatamente o que transmito aos alunos. Minha aula abrange assuntos como a certificação ISO 14 000 – um conjunto de normas que definem parâmetros e diretrizes da gestão ambiental para as empresas privadas e públicas”.

Na Antártica, acrescenta o oceanógrafo, precisamos tomar uma série de providências e ter procedimentos que possam cumprir a rígida regulamentação internacional ligada à Gestão Ambiental. Caso contrário, nossa empresa não poderia explorar turisticamente o local.
Belém explica que ao seguir as normas do ISO 14 000, muitas empresas que utilizam recursos naturais podem reduzir significativamente os danos causados ao meio ambiente.

Os dias sem noite e os monstros do mar – É verão em dezembro e janeiro na Antártica, por isso, não se percebe a noite, já que a claridade está presente o tempo todo. “Tal situação confunde os turistas, que ficam perdidos no tempo”, comenta. A claridade revela surpresas e os mistérios do oceano gelado, com as belas baleias orca, azul, cinza e a cachalote, algumas com cerca de 20 metros de comprimento. Na paisagem extremamente branca, destaque para o tom escuro da pele de milhares de pingüins e focas, sem contar as aves marinhas. De acordo com o professor, difícil descrever tamanha beleza.

Pesquisando sempre – Serão cerca de 60 dias de expedição, recebendo nove grupos diferentes, que se dirigem ao local de avião e passam sete dias em um navio no hemisfério sul. A possibilidade de fazer o mesmo percurso várias vezes com os turistas permite ao professor dar continuidade às suas pesquisas e coleta de dados sobre a meteorologia e o clima da Antártica. “O que não é possível fazer em um programa científico, no qual há vários cientistas para fazer muita coisa com um único navio, eu posso fazer numa expedição turística”, afirma Belem, que fundou a Ong Observatório Oceanográfico e mantém, além disso, um blog com o diário de bordo, que traz informações de toda a viagem.

A Ong Observatório Oceanográfico é uma organização sem fins lucrativos que defende a disseminação de informações precisas sobre os oceanos, o clima do Planeta e as diferentes interações entre seus componentes físicos e biológicos.