Erika Alencar e Elaine Saboya

Na manhã desta terça-feira (23/08), começou a coleta de assinaturas de representantes da sociedade para levar abaixo-assinado à Câmara Federal, visando estabelecer o 23 de agosto como a o Dia Nacional da Maratona Aquática. Esse dia é marcado pelos 28 anos da morte da nadadora Renata Agondi, primeira mulher brasileira a tentar a travessia do Canal da Mancha, considerada a pioneira feminina nessa modalidade do esporte.

A ideia da Fundação, segundo a nadadora Ana Marcela Cunha,  é ensinar as técnicas da maratona às pessoas que se interessarem pelo esporte. Ao se instituir a Data Nacional, pretende-se dar maior impulso e incentivo à modalidade, já consolidada no Brasil.  “Trata-se de iniciativa de maior relevância para a natação e o desporto brasileiro,  tal o desenvolvimento dessa modalidade esportiva, que tem revelado extraordinários talentos para o país, como é o caso das atletas Ana Marcela Cunha e Poliana Okimoto”, afirma o deputado João Paulo Papa.

A instituição dessa Data Nacional, além de maior impulso e incentivo à modalidade já consolidada no Brasil, seria uma justíssima homenagem a todos os atletas, técnicos, dirigentes e aficionados da maratona aquática, segundo o deputado. Ele,   que não pode comparecer pois estava participando de reuniões na Câmara Federal, enviou em vídeo, apresentado ao público que estava no Consistório da Universidade Santa Cecília.  Em sua mensagem, cumprimentou a Unisanta, os professores e os membros da equipe técnica “dessas duas brilhantes nadadoras, Ana Marcela Cunha e Poliana Okimoto,  desejando a elas um futuro de vitórias e lutas.  É um motivo de orgulho para quem vive em Santos e para quem é brasileiro, ter participado desse momento  riquíssimo do esporte brasileiro, especialmente o esporte em mar aberto”.

“Eu queria aproveitar esse momento para me associar a uma iniciativa que eu considero da maior importância para esse esporte em nosso País, que é criar uma data anual e nacional que possa representar o que é esse esporte para a população brasileira, ou seja, o Dia Nacional das Maratonas Aquáticas. Nós temos aqui em Santos e em nosso País, duas das melhores nadadoras do mundo. Os resultados estão aí demonstrando isso, que  acontece por acaso. É fruto de muito esforço, dedicação, luta diária das famílias das nadadoras e do apoio da Universidade Santa Cecília e toda sua estrutura”.

“Queria cumprimentar a Família Teixeira, em nome do Marcelo Teixeira, pelo desempenho e pelo compromisso que tem pelo esporte brasileiro. Que essa iniciativa seja encaminhada o mais rapidamente possível. Eu, como representante da Câmara dos Deputados e da região da Baixada me sinto muito honrado em poder ajudar na formulação e criação de uma Data Nacional para comemorar e incentivar a Maratona Aquática brasileira que tem dado tantas alegrias à população de nosso País. Parabéns a todos! Nosso desejo é que as próximas gerações de atletas brasileiros possam continuar tendo esse apoio fundamental da Universidade Santa Cecília e da população brasileira, que um Dia Nacional pode ajudar bastante a consolidar”.

Travessia Renata Agondi – O pai de Renata Agondi, Raul Agondi,  lembrou que Marcelo Teixeira e seu pai, Milton Teixeira, “ grande idealizador da Universidade, sempre mostrou muita dedicação pela Renata. Após o falecimento dela, instituíram a Travessia Renata Agondi, mundial e exclusiva para a Federação de Águas Abertas, com algo extraordinário. Ficamos duplamente felizes, primeiro com o reconhecimento e depois por ser direcionado para o bem do ser humano. Muitas pessoas morrem dentro da água por não saberem nada e uma das principais finalidades do Instituto Ana Marcela é ensinar as pessoas a nadar”.

Estavam presentes à divulgação  do projeto sobre o Dia Nacional da Maratona Aquática:  Gelásio Ayres Fernandes, Secretário Adjunto de Esportes de Santos, representando o prefeito Paulo Alexandre Barbosa;  Paulo Miyashiro, presidente da FUPES, a jornalista Daniele Zangrando,  Marcos Rafael Lozano, chefe do Departamento de Atividades e Eventos Esportivos de Santos, representando o Secretário de Esportes Alcídio  Mello, o vereador Hugo Duprée, os pais de Ana Marcela, George Cunha, presidente do Conselho Diretivo do Instituto Ana Marcela, a mãe, Ana Patrícia Cunha, vice-presidente; o jornalista Francisco La Scala, representando o deputado federal João Paulo Papa e a mãe de Renata, Lucrécia Agondi.

Eles foram recepcionados pela reitora da Unisanta Sílvia Teixeira Penteado, pela presidente Lúcia Teixeira, pela vice-presidente, Maria Cecília Pirilo Teixeira  e pelo Pró-Reitor Macelo Teixeira.

Sobre Renata Câmara Agondi – Grande nome da natação brasileira nos anos 80, Renata Agondi reunia todas as condições para ter figurado entre os maiores nomes da natação mundial de águas abertas.

Em 1986, em sua primeira atuação na Travessia de Capri-Napoli, uma das provas de mar aberto mais charmosas do mundo, Renata terminou em terceiro lugar entre as mulheres e na sexta posição geral, superando o também brasileiro Igor de Souza, que terminou em sétimo. Renata ainda ficou com o título de vice-campeã da categoria profissional.

Começou a nadar com oito anos, no Fluminense Futebol Clube (RJ), agremiação pela qual conquistou suas primeiras medalhas e títulos.

De 80 a 82, Renata manteve-se afastada da natação para retomá-la já em Santos, no Saldanha da Gama. Antes de integrar a equipe da Associação Santa Cecília de Esportes, ela ainda atuaria pelo Clube Internacional de Regatas.

Nas piscinas, exibiu muito talento, mas foram nas provas de águas abertas em que ela realmente se encontrou. Depois das participações em provas internacionais na Itália, ela encarou o maior desafio de todos, a travessia das gélidas águas do Canal da Mancha.

Em  23 de agosto de 1988, “totalmente exaurida pelo esforço extremo provocado por uma imperdoável falha na rota e apresentando quadro de hipotermia, Renata veio a falecer, deixando uma lacuna irreparável”, diz Marcelo Teixeira. “Acho que também nós temos uma estrela brilhando, que é a Renata Agondi, que plantou sementes e lutou tanto para que tudo isso acontecesse”, disse Marcelo Teixeira, que escreveu um livro e fez um videodocumentário sobre a atleta, desaparecida em 1988 aos 25 anos de idade, quando participava de uma travessia no Canal da Mancha. “Eu tenho a certeza e a convicção de que onde ela (Renata) estiver estará sempre a guiar os nossos passos e caminhos. Ela que foi uma grande atleta também. Construiu a sua história e passou um legado para todas essas gerações que estão vindo”.