A legendária casa da Rua Rodrigues Alves, onde teve início a Escola Primária Santa Cecília, há 51 anos, readquirida em 2011 pela família Teixeira, foi restaurada e abrigará, a partir do dia 16, ações sociais em parceria com prefeituras e entidades de servir, além de se tornar um centro de memórias.

De fora, pouco mudou da primeira Escola Primária Santa Cecília, em 1961, na Avenida Conselheiro Rodrigues Alves, 332, esquina com a Silva Jardim, no Macuco. O imóvel foi amplamente restaurado.

“Foi preservado o seu lado histórico, mantidos a ornamentação de suas fachadas e os desenhos originais do seu acervo arquitetônico, e a casa passou a ser um importante equipamento cultural e social”, afirma o Pró-Reitor Administrativo do Complexo Educacional Santa Cecília, Marcelo Teixeira.

Permanecem o arco suave da escadaria frontal e suas floreiras, dois pisos originalmente portugueses na parte superior e inferior da casa. As portas e janelas altas foram mantidas, um sobrado típico de um período mais antigo ainda, pois a escolinha foi fundada em 1932, pelos educadores anteriores.

As novas instalações serão inauguradas no próximo dia 16 de outubro, às 19h30, com a presença de diretores, coordenadores e professores do Complexo Educacional. “Será uma confraternização íntima, para lembrar a simplicidade e os objetivos dos primeiros passos da Instituição”, afirma Teixeira.

Dia 16 de outubro é data de aniversário de seu pai Milton Teixeira, o fundador do Complexo Educacional Santa Cecília, falecido aos 81 anos, na madrugada de 10 de setembro último, e a reinauguração do prédio é uma homenagem ao educador.

Parcerias com prefeituras e entidades já existentes

Marcelo Teixeira explica que o imóvel restaurado permitirá ampliar as ações sociais já desenvolvidas pelo Complexo Educacional, em parceria com a comunidade e prefeituras, dando sequência aos trabalhos já direcionados às famílias cadastradas pelas entidades parceiras e às ligadas à Unisanta.

As  ações sociais da Unisanta, no último ano, representaram mais de um milhão e novecentos mil atendimentos gratuitos, lembra a presidente do Colégio e da Universidade, Lúcia Maria Teixeira Furlani.

“Pretendemos envolver os projetos educacionais já desenvolvidos na Unisanta para estimular cidadãos ao trabalho, como fizemos quando, com ajuda de nosso Curso de Engenharia Mecânica,  tornamos mais leves e funcionais os equipamentos dos carrinheiros licenciados pela Prefeitura para o uso nas ruas”, acrescenta Marcelo Teixeira. Ele está  otimista e esperançoso de que outros projetos pioneiros sejam apresentados e beneficiem as pessoas a buscarem novos negócios e empregos.

Serão identificadas, com as respectivas secretarias de assistência e promoção social, que tipo de ações poderão ser alicerçadas neste novo espaço, como trabalhos de recuperação de dependentes químicos.  Já está acertado o funcionamento, na Rodrigues Alves, do Recanto das Andorinhas, presidido pela senhora Valéria Simões Teixeira, fundado há 5 anos, que trabalha especialmente com pessoas carentes e moradores de rua.

Memória

“É emocionante completar as comemorações do Jubileu de Ouro com a retomada da primitiva Escola Primária Santa Cecília”, afirma a Reitora, Sílvia Teixeira Penteado. “Lembro-me que as escadas desse casarão me conduziam para novas descobertas educacionais inovadoras desde aquela época. Comecei a trabalhar junto com minha família aos 15 anos e, das suas sete janelas, aprendi a vislumbrar a região, dimensionada nas parcerias e laços que se consolidam há décadas, em prol da comunidade”.

Segundo o engenheiro responsável pelas obras de restauração, Nivaldo Rodrigues Florez, o terreno tem 17,5 metros de frente por 26 metros de fundo, com área total de 450 metros quadrados e 250 metros quadrados de área construída (hoje o Complexo Educacional Santa Cecília tem mais de cem mil metros quadrados).

As escadarias da frente levam ao pavimento superior principal da casa, onde há três quartos, sala, copa, cozinha, banheiro e despensa. Uma escadaria interna sai da cozinha e vai até a parte inferior do imóvel, onde há seis cômodos amplos. As entradas do térreo e do pavimento superior são independentes, o que facilitará o projeto de manter no imóvel duas finalidades distintas, a cultural, de preservação da memória, e a realização de ações sociais. São três escadarias, uma interna e duas externas.

Quadros, livros de matrícula e de freqüência de ex-alunos e outros objetos da época ornamentarão uma das salas do segundo pavimento, para reproduzir o máximo possível como eram as dependências internas, no primeiro pavimento do imóvel. Também será afixada em uma das paredes a primeira placa em que apareceu o nome do Colégio Santa Cecília.

O primeiro telefone tem um significado emblemático. Lúcia Maria Teixeira Furlani conta que seus pais e fundadores conheceram a escola da Rodrigues Alves porque viram o anúncio de um telefone e pensaram em comprá-lo. Foram ao endereço do anúncio e acabaram adquirindo a escolinha, “atendendo a um apelo do coração e do ideal de servir”.

Para comprar a primeira escola, o casal vendeu a única casa que possuía e onde residia, em 1961. No imóvel da Rodrigues Alves, já chamado de Escola Primária Santa Cecília, Milton, Nilza e a prof.a Emília Maria Pirilo, cunhada de Milton, iniciaram uma trajetória atendendo apenas 26 alunos, com o sonho de oferecer ensino de qualidade às famílias do bairro operário.

Ali permaneceu o Colégio até 1966, quando a Família Teixeira transferiu a escola para a Rua Luiz de Camões, 224. Em 1969, foi comprado o antigo Colégio Monte Serrat, na Rua Oswaldo Cruz, 266.  A notável expansão da Unisanta em torno desse novo endereço e quarteirões vizinhos não diminui o afeto da Família Teixeira ao antigo núcleo onde tudo começou, na Conselheiro Rodrigues Alves, pelos filhos de Milton e Nilza, Maria Cecília, Marcelo Teixeira, Lúcia Maria Teixeira Furlani e Sílvia Teixeira Penteado.

Os 26 alunos transformaram-se em cerca de 15 mil, do Ensino Fundamental à Pós-Graduação, distribuídos em 16 edifícios, com entradas para as avenidas Conselheiro Nébias e Siqueira Campos, e Rua Oswaldo Cruz,  266, 255 e 267, além das Ruas Lobo Viana, número 67 e Cesário Mota, 8 e 24. É o Complexo Educacional Santa Cecília, um dos mais importantes do País.

Moradores de rua

O Grupo das Andorinhas começou  a trabalhar no Lar Santo Expedito,  com 50 refeições por semana,  depois passou para o São Vicente de Paula,  com 80, para a Igreja São José Operário,  com 100 e, atualmente, atua na Catedral com mais de 150 refeições semanais.

A partir de 16 de outubro, as Andorinhas atuarão na casa da Rodrigues Alves, fornecendo almoços, e  com a probabilidade de outras refeições futuras. Promoverão bazares, bingos e outros eventos beneficentes.

 FOTOS ANTIGAS: