Ana Marcela, pronta para novos desafios, recebe a imprensa e homenagens

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“Nunca na minha vida deixei de completar uma prova. Não seria uma queimadura de água-viva que me faria desistir”, afirmou, referindo-se à última etapa da maratona mundial, em que terminou a prova com dores, mas não desistiu. E nem precisava terminar a prova, já tinha o título.    

Ana Marcela Cunha, tetracampeã mundial de maratonas aquáticas, nadadora da Universidade Santa Cecília (Unisanta), está pronta para novos desafios, após o título inédito de tetracampeã mundial, conquistado por antecipação em etapa anterior e confirmado na última prova, em Abu Dhabi, em 9/11, quando ficou com a medalha de bronze com o tempo de 2h00m26s2. Bastava ela ter largado nessa prova para conquistar o título.

Ana foi homenageada e deu entrevista à imprensa nesta segunda-feira (12/11) pela manhã, no Consistório da Unisanta, ocasião em que comentou sobre a queimadura com águas-vivas que sofreu no final da última competição.

“Nunca na minha vida deixei de completar uma prova, e não seria dessa vez que deixaria”, disse. “É verdade que (a queimadura) foi no meio da maratona e, se fosse no final, talvez tivesse sido mais difícil, talvez eu precisasse de mais tempo (para terminar)”. Confirmou que a queimadura foi muito dolorida, pois o rosto é mais sensível.

Neste ano, acabaram as competições mundiais e seu próximo compromisso será em Manaus, no Amazonas, em 9 de dezembro, um desafio diferente com a maratonista Sharon Rouwendaal, terceira colocada do Circuito.

“Com certeza, é inexplicável conseguir passar o que a gente sente, como realmente foi, e acho que o mais legal de tudo é chegar na última etapa e falar: eu só preciso pular. Não tem mais o peso de brigar pelo primeiro e segundo, não tem a obrigação. Então parece que sai mais fácil, a gente brinca que pode ser diversão e, querendo ou não, acaba sendo diversão. Porque a gente ama o que faz. A gente se diverte de alguma forma e essa prova terminou sendo isso para mim. Tem o momento de competição, lógico, de levar a sério, mas sem aquela  responsabilidade de precisar vencer, de ter que chegar na frente, de ter que marcar, ter que fazer pontos, não. Então, fazer um ano muito bom e chegar na última etapa um pouco mais tranquila não tem preço”.

Mesmo com as queimaduras, Ana Marcela conseguiu se manter num ritmo bom junto com o pelotão e chegar brigando de igual para igual no final de prova.

Próximo desafio: em Manaus

O Rio Negro Challenger, seu próximo compromisso,  será em Manaus, no dia 9 de dezembro. “Vai ser eu contra a Sharon, atual campeã olímpica e atual campeã do Circuito Mundial. Vai ser uma prova diferente, interessante, e ela  está bastante animada, mas ao mesmo tempo sabe que não tem nenhum compromisso e obrigatoriedade de vencer ou não”.

“É mais uma competição, mas ninguém quer perder. O pensamento do atleta é esse, ele nunca quer perder, então a gente vai estar com certeza um pouco preparada para essa prova”.

O próximo grande desafio da atleta será o campeonato mundial, em busca de uma coisa inédita que ela ainda não tem: uma medalha de ouro na prova dos dez quilômetros, que é metragem da distância olímpica. “Tem aquela coisa do cabelo,  vamos ver como que vai ser a surpresa que vai acontecer no Mundial”, afirma  a maratonista, lembrando sua tradição de fazer penteados diferentes a cada prova,  para dar sorte.

Além do Campeonato Mundial, haverá os 25 quilômetros “Tem o revezamento, tem a prova de cinco. E depois a gente segue aí para conseguir essa vaga na prova dos dez.  Depois será um ano se preparando para os Jogos Olímpicos. Aí é um ano de dedicação e sumiço talvez (risos)”.

Nícholas, o espelho

“Hoje eu me encontro do outro lado”, continuou Ana Marcela. “Acho que já estive do lado de lá, de ver, de ter os ídolos e tipo falar: ‘Pô, um dia eu quero ser que nem eles’. E eu acho que hoje a gente tem aqui na equipe uma pessoa muito a se espelhar. Não estou falando de mim, estou falando do Nicholas”.

Nicholas Santos, recordista mundial nos 50 metros borboleta, é o modelo de Ana Marcela.

Eu acho que é um cara que mostra o quanto você pode, independente da sua idade, chegar aonde você quer. Nunca é tarde para sonhar e por aquilo que ele fala, o que a gente sente é que vale muito a pena sonhar alto e sonhar independente da sua idade. Eu acho que só você é dono do seu destino, você é que vai saber o quanto você pode. E o quanto você se dedica, o quanto você abre mão de tudo para poder estar em busca de seu sonho. Se realmente esse é seu sonho, eu acho que vivo isso também e está valendo muito a pena”.

“E hoje ser ídolo para essa nova geração é sem palavras. Eu gosto muito. Sempre recebo algumas mensagens pelas redes sociais e eu tento ao máximo estar próximo de todo mundo, poder responder”.

As mensagens de motivação, de parabenização são outra boa experiência da nadadora.  “Eu gosto muito de poder retribuir isso, então eu me sinto muito muito honrada e feliz de poder estar do outro lado”.

Estrutura da Unisanta

Marcelo Teixeira, Pró-Reitor Administrativo da Unisanta e grande incentivador dos esportes, destacou a importância de Ana Marcela e seus títulos, os mais significativos de toda a história da natação brasileira. Ele se referiu também a toda a estrutura física, aos técnicos e aos atletas da Universidade.

“Raras são as instituições de ensino que têm essas características e oferecem condições para o desenvolvimento dos seus esportistas”, disse. Mencionou o técnico Márcio Latuf, que não estava presente porque estava no Sul-Americano, onde sua equipe conquistou 17 medalhas, sendo nove ouros e oito pratas.

A reitora Sílvia Teixeira Penteado disse que os nadadores da Unisanta são exemplos de vida e espelho para os outros que estão começando. Estimulou as crianças presentes a se dedicar ao esporte, à natação, e a se preparar para o Projeto Olímpico.

Lúcia Teixeira, presidente da Universidade, falou sobre os benefícios da natação, que nos ensina a respirar, a controlar nossas emoções. Aconselhou os jovens a  terem confiança, a focar em seus objetivos, mesmo quando o vento não estiver favorável.

Equipe de campeões

Na oportunidade, a Unisanta recebeu também os atletas Nicholas Santos, recordista mundial nos 50 metros borboleta; Victor Colonese, o melhor resultado do Brasil na prova Olímpica do Sul-Americano, classificado para o PAN, com uma medalha de ouro e duas de pratas; André Calvelo, duas pratas nos Jogos Olímpicos da Juventude; Leonardo de Deus, bicampeão mundial nos 200m borboleta da 50ª edição do Mundial Militar de Natação; e Lucas Santos, campeão mundial dos Jogos Escolares.

Nícholas: recorde Mundial em piscina curta

O veterano Nicholas Santos quebrou o recorde mundial dos 50m borboleta em piscina curta na etapa de Budapeste da Copa do Mundo de Natação. O atleta, de 38 anos, estabeleceu a nova marca do mundo com o tempo de 21s75. Esta foi a quarta medalha de Nicholas em etapas da Copa do Mundo de 2018.

Nicholas já havia sido campeão nos 50m borboleta na etapa de Eindhoven, com 22s08, este ano. Desta vez, o atleta da seleção brasileira que irá ao Campeonato Mundial da China cravou 21s75 para estabelecer o novo recorde mundial da prova. Nesta quarta etapa de Copa do Mundo, Nicholas Santos já havia conquistado o bronze nos 100m borboleta com 50s12.

“Na verdade foi uma surpresa boa, né? Eu saí do Finkel e fui para a Copa do Mundo. Não tinha objetivo de bater o recorde mundial lá. Nem estava esperando. Realmente foi uma surpresa para mim. Mas eu nunca deixei de acreditar que isso pudesse acontecer. Os planos eram para esses resultados serem no Mundial da China, então agora acabou estreitando um pouco mais e o meu objetivo é nadar abaixo desses 21s75 agora na China”, afirmou o nadador.

Colonese e Leonardo de Deus

Victor Colonese conquistou uma vaga para os Jogos Pan-Americanos de Lima ao ficar com a medalha de prata nos 5km e 10km. O maratonista obteve o melhor resultado do Brasil na prova Olímpica do Sul-Americano e classificou-se para o PAN.

Leonardo de Deus é bicampeão mundial nos 200m borboleta da 50ª edição do Mundial Militar de Natação, realizada em Samara, na Rússia. O atleta venceu a prova com o tempo de 1m56s49. Leo de Deus ainda foi o destaque da equipe brasileira, no Campeonato Pan-Pacífico de Natação, disputado em Tóquio, no Japão. Com uma atuação brilhante, o atleta obteve a melhor marca de sua carreira e a medalha de prata nos 200m borboleta, com o tempo de 1m54s89.

“Este ano eu voltei a estar entre os melhores no ranking mundial nessa prova que eu nadei no Pan-Pacific. Então, a gente está bem motivado, fazendo um trabalho totalmente diferenciado de força, de transferência, diferente do que eu fazia há dois anos é uma evolução no decorrer desse ciclo olímpico. Ano que vem é um ano de Pan-Americano, não é o de Mundial, eu vou tentar igualar a marca crônica do Fernando Scherer, tricampeão pan-americano. No Mundial, vamos tentar repetir o resultado que a gente teve agora no Pan-Pacific, onde a gente estava nadando contra Estados Unidos, Japão, Austrália, Canadá, as grandes potências do nosso esporte na natação, e buscar essa tão sonhada medalha”, disse Léo.

Calvelo e Lucas Santos

André Calvelo e Lucas Santos, dois atletas juvenis também se destacaram em suas categorias. Calvelo trouxe duas medalhas de prata dos Jogos Olímpicos da Juventude, nos revezamentos. E Lucas Santos sagrou-se campeão mundial escolar nos 50 e 100m livre, além da conquista do ouro nos revezamentos 4x100m livre masculino e 4x100m livre misto, e do bronze nos 4×100 medley, representando a seleção brasileira de natação, o Colégio Santa Cecília e sua equipe, a Unisanta, na 17ª edição da Gymnasiade, Jogos Mundiais Escolares, na África.