No aprimoramento das previsões meteorológica em Santos, participarão das pesquisas a portuguesa Hidromod, com o software AquaSafe, um pesquisador do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE) e a empresa Argonáutica, com o software ReDraft, para navegação.

Aprimorar com novas tecnologias o que já existe. Esse é o objetivo de um novo convênio de Cooperação Científica e Tecnológica a ser assinado entre a Praticagem de São Paulo e a Universidade Santa Cecília (Unisanta), por meio do Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas (NPH) da Faculdade de Engenharia, nesta sexta-feira, dia 19/5, às 10h30, no Consistório da Instituição. O software AquaSafe, que está sendo utilizado, foi premiado nos meios científicos na área de inovação, pela IWA (International Water Association) em 2012.

Os novos estudos visam aperfeiçoar o trabalho de pesquisa do NPH de previsão de marés, correntes e ondas, para dar suporte no cálculo da previsão da “folga abaixo da quilha” (UKC – under keel clearance), que é a medida entre o fundo do navio e o fundo do canal de navegação.

“É necessário manter a folga entre o fundo do casco do navio e o fundo do estuário para a segurança da navegação”, afirma a Engª. e Profª. Alexandra Sampaio, coordenadora do NPH. Assim, a previsão da variação das marés e ondas, bem como da intensidade e direção dos ventos, precisa ser levada em consideração, quando o assunto é segurança nos portos.

O objetivo do novo estudo é a previsão cada vez mais precisa dessas condições ambientais para determinar o calado dinâmico dos navios durante a navegação no Canal do Porto de Santos. “Esse calado dinâmico deve considerar a influência dos ventos, das correntes de maré e das ondas que incidem sobre o navio”, explica o pesquisador Renan Braga Ribeiro.

“Hoje a Praticagem de São Paulo já desenvolve um trabalho em conjunto com a Argonáutica para calcular esse calado com base nas condições meteoceanográficas medidas, sem incorporar a previsão. Com esse convênio, o NPH aperfeiçoará a modelagem operacional de alta resolução, para previsão das condições ambientais, utilizando e aplicando modelos numéricos (hidrodinâmico e de agitação marítima) já implantados pelo nosso Laboratório”, disse Ribeiro.

A Profa. Alexandra Sampaio ressalta que a finalidade da parceria tem sido a troca de informações e a melhoria continua do sistema. “Utilizando os dados dos sensores meteorológicos e oceanográficos da Praticagem para o acompanhamento da precisão das previsões da hidrodinâmica local podemos aprimorar o sistema continuamente e desenvolver novas ferramentas que sejam úteis tanto para o setor portuário como para a sociedade em geral”.

Ribeiro lembra a importância da participação dos parceiros nos estudos. “Conseguimos incorporar no projeto um pesquisador do CPTEC/INPE e também nossos parceiros de Portugal, a Hidromod. Além disso, há a participação de uma empresa, a Argonáutica, ligada ao TPN/USP (Tanque de Provas Numérico, responsável pelo desenvolvimento da ferramenta de cálculo do UKC)”.

Renovação de Convênio

Ainda no dia 19/5/2017, será renovado o Acordo de Pesquisas assinado há dois anos, sobre o intercâmbio de dados entre a Unisanta e a Praticagem para utilização em pesquisas. Mais segurança para os navios, aos seus tripulantes e aos moradores e frequentadores das praias de Santos são alguns dos benefícios desses estudos firmados com fins acadêmicos e científicos, em 11/2/2015, entre a Praticagem de São Paulo e a Unisanta.

Nos últimos anos, a Unisanta implantou a plataforma AquaSafe premiada na Europa na área de recursos hídricos para a gestão de informação em tempo real para receber, processar e integrar automaticamente, em um único local, diversas fontes de informações disponíveis e que estavam dispersas.

Entre essas informações estão os dados de sensores meteorológicos e oceanográficos de diferentes instituições, como as da Praticagem de São Paulo. Com a parceria, a reunião e análise desses dados têm permitido auxiliar o trabalho dos práticos, visando o planejamento das operações, bem como a melhoria da segurança, a fim de evitar acidentes com os navios e eventuais danos à população, ao meio ambiente e à economia da região.

De acordo com a Profa. Alexandra Sampaio, o objetivo da parceria tem sido a troca de informações e a melhoria continua do sistema. “Utilizando os dados dos sensores meteorológicos e oceanográficos da Praticagem para o acompanhamento da acurácia (exatidão) das ferramentas operacionais de monitoramento e previsão da hidrodinâmica local, podemos aprimorar o sistema continuamente e desenvolver novas ferramentas que sejam úteis tanto para o setor portuário como para a sociedade em geral”.

“A Praticagem disponibiliza ao NPH, em tempo quase real, os dados meteoceanográficos coletados pelas estações autônomas localizadas em Santos. Esses dados são incorporados à base de dados do NPH e analisados, e desta forma trabalhamos para o aprimoramento e desenvolvimento de novas ferramentas operacionais de monitoramento e previsão da hidrodinâmica local”, explica a coordenadora do NPH.

A Unisanta, através do NPH, iniciou estes estudos com um projeto financiado pelo FEHIDRO- Fundo Estadual de Recursos Hídricos, utilizando o software/plataforma AquaSafe, da empresa portuguesa Hidromod, voltado para a melhoria da qualidade da água. A partir de agora dará continuidade com estes novos convênios.

NPH – 20 anos de pesquisas

O Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas (NPH) completou 20 anos de pesquisas em 2016, utilizando ferramentas computacionais para estudar a poluição do estuário e o comportamento das marés, entre outros estudos. Teve projeção e participação internacional com o Projeto de Gerenciamento Ecológico de Zonas Costeiras (ECOMANAGE), de 2004 a 2008, oportunidade em que foram utilizados recursos da União Europeia para estudar o estuário de Santos, a Baía Blanca, na Argentina, e o Fiorde de Aysén, no Chile.

Desde 2010, o Núcleo iniciou novos estudos sobre a poluição do estuário santista, para monitorar a balneabilidade das praias e das bacias hidrográficas da região.