Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas da Universidade sugeriu, em 2009, a mobilização dos órgãos públicos e da sociedade, a fim de se realizar obras visando atenuar problemas de inundações futuras. Os estudos da UNISANTA a respeito existem desde 1992 e foram ampliados em 2015 com parceria inédita na América do Sul, para intercâmbio de dados meteorológicos e oceanográficos da hidrodinâmica da região. Desde 2015  o NPH-Unisanta também faz previsão das condições do mar para a baía e estuário de Santos.

Estudos relacionados ao aumento do nível do mar e possíveis consequências desastrosas ao meio urbano não são novidades para o Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas da Universidade Santa Cecília (UNISANTA). Desde 1992, a equipe de pesquisadores da Universidade desenvolve estudos na zona costeira do Estado de São Paulo. Ainda este ano, a Universidade disponibilizará ao público um site com informações em tempo real sobre as condições do mar e previsões para os próximos três dias.
Os trabalhos tomaram maior proporção a partir de 1995, quando a UNISANTA instituiu uma parceria com o Instituto Superior Técnico de Lisboa – IST, em Portugal, para utilização do sistema de modelos numéricos MOHID, e posteriormente com sua empresa associada HIDROMOD. Foram inúmeros projetos, entre eles destacamos o ECOMANAGE- Integrated Coastal Zone Management, que entre 2004 e 2008 mapeou o uso e ocupação do solo na região e seus impactos nas águas da baía e do estuário de Santos e mais recentemente a partir de 2014, com o projeto em andamento para o desenvolvimento de um sistema de previsão de marés, ondas e correntes e qualidade da água, apoiados pelo Comitê de Bacias Hidrográficas da Baixada Santista e o Fehidro – Fundo Estadual de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo.
Três cenários de alagamentos
Em 2009, o NPH-UNISANTA elaborou, em computador, três cenários de aumento do nível do mar para a Cidade de Santos com base nas previsões, na época, do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC): de 0,5 centímetros; 1,0 e 1.50 metros, em relação ao nível máximo atual, até o fim do século. A pesquisa permitia observar o alagamento de bairros e ruas santistas.
O estudo utilizou a base de dados histórica do NPH-UNISANTA; nas conclusões e softwares do projeto europeu ECOMANAGE – Sistema Integrado de Gerenciamento Ecológico de Zonas Costeiras, da qual a UNISANTA participou, de 2004 a 2008, e em números e previsões de oceanógrafos e climatologistas conceituados.
Segundo o Prof. Renan Braga Ribeiro pesquisador do NPH, no pior dos cenários previstos, o mar subiria 1,50 metros, e a Ponta da Praia, o Canal 3 e o Porto seriam os locais mais afetados, se não houver obras de contenção. Os cenários anteciparam possíveis efeitos provocados pela elevação do nível do mar em 0,5 centímetros; 1,0 e 1,5 metros, sempre com referência ao nível máximo atual nas marés de sizígia, ou seja, seriam as áreas alagáveis quando houver marés altas.
Para chegar a essas conclusões, a equipe do NPH-UNISANTA apoiou-se em pesquisa cujos resultadosforam preparados e apresentados pelo Grid Arenal, UNED e Observed Climate Trends, da Universidade de Cambridge, que projeta o aumento do nível do mar e também os cenários de elevação do nível até 2100.
Ressaca – Na época da divulgação desses possíveis cenários, os pesquisadores do NPH-UNISANTA já alertavam sobre o efeito das ondas na região. “Em qualquer um dos cenários, é preciso considerar não apenas o efeito dos alagamentos. Deve-se sempre levar em conta o efeito das ondas, que será muito destruidor, mesmo sem grandes ressacas, pois está na sua constância (várias por minuto) este poder de danificar o que encontrar no seu caminho. Os jardins seriam destruídos assim como o pavimento, calçadas das ruas, as garagens e pátios dos prédios seriam invadidos pelas águas e ondas, enfim, o caos”.
As informações sobre possíveis ressacas passaram a ser enviadas aos órgãos públicos e divulgados para a imprensa.
Praticagem – No início de 2015, a UNISANTA e Praticagem de Santos assinaram convênio inédito na América do Sul, para intercâmbio de dados meteorológicos e oceanográficos da hidrodinâmica da região. A Universidade considerou essa parceria como uma nova fase de estudos do seu Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas, utilizando a Modelagem Numérica desenvolvida desde 1995.
Na oportunidade, o então presidente da Praticagem, Claudio Paulino, informou que só conhecia parceria semelhante entre a universidade e a praticagem de Nova York.
Mais segurança para os navios, aos seus tripulantes e aos moradores e frequentadores das praias de Santos são alguns dos benefícios do convênio com fins acadêmicos. Nesta nova fase do projeto, a UNISANTA implantou a plataforma AQUASAFE, um software de gestão de informação em tempo real para receber, processar e integrar automaticamente, em um único local, diversas fontes de informações disponíveis e que estão dispersas.
Entre essas informações estão os dados de sensores meteorológicos e oceanográficos de diferentes instituições, como as da Praticagem de Santos, CEMADEN, entre outros Com a parceria, a reunião e análise desses dados poderão aperfeiçoar o trabalho dos práticos, auxiliando no planejamento da instituição visando evitar acidentes com os navios e eventuais danos às pessoas, ao meio ambiente e à economia da região.
De acordo com a coordenadora do Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas da UNISANTA (NHP-UNISANTA), Profa. Alexandra Sampaio, o objetivo da parceria é utilizar dados meteorológicos e oceanográficos para o aprimoramento e desenvolvimento de ferramentas operacionais de monitoramento e previsão da hidrodinâmica local, tal como vem sendo efetuado, possibilitando nesta temporada a divulgação de boletins diários desde o final de 2015 e boletins extraordinários antecedendo as ressacas a partir de maio de 2016.
“A Praticagem disponibiliza ao NPH desde março de 2015, em tempo quase real, os dados meteoceanográficos coletados pelas estações autônomas localizadas em Santos. Esses dados são incorporados à base de dados do NPH e analisados, para o aprimoramento contínuo e desenvolvimento de ferramentas operacionais de monitoramento e previsão da hidrodinâmica local”, explica a coordenadora.

O grupo de pesquisadores do NPH da UNISANTA desenvolve, nas áreas técnica e científica, trabalhos de investigação em âmbito nacional e internacional relacionados à simulação hidrodinâmica em zonas costeiras e também daqualidade da água, dispersão de efluentes, transporte de sedimentos, produção primária, entre outros.

Com atuação na Baixada Santista, o NPH possui cooperação técnica com a Praticagem de Santos e a SABESP e em seu histórico prestou serviços de consultoria a clientes como a CODESP – Companhia Docas do Estado de São Paulo, Terminal Portuário de Guarujá, COHAB Santista – Prefeitura Municipal de Santos e outros, também coordenou, em Santos, o Projeto ECOMANAGE em cooperação com Instituições de Ensino e Pesquisa situadas na América Latina e na Europa com o apoio financeiro da Comunidade Europeia.