O estudante fez a pesquisa com bolsa do Programa de Iniciação Científica (PIC) da Universidade Santa Cecília (Unisanta)

Aluno do 5° semestre do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Santa Cecília (Unisanta), Gustavo Darlim participou de pesquisa sobre a descrição de uma nova espécie de peixe lambari, publicada na revista científica internacional Zootaxa. O peixe analisado é do gênero Moenkhausia e a nova espécie foi batizada de Moenkhausia abyss. Abyss quer dizer profundidade em latim.

Tudo começou quando Gustavo Darlim estagiava no Laboratório de Peixes Continentais (LAPEC) da Universidade Santa Cecília (Unisanta). Ele e os colegas foram questionados se gostariam de conhecer melhor a área de taxonomia, ciência que estabelece critérios para classificar todos os animais e plantas sobre a Terra em grupos de acordo com as características fisiológicas, evolutivas, anatômicas e ecológicas de cada animal ou grupo animal.

Darlim passou a ter contato com os pesquisadores do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP), onde conheceu sua orientadora, a doutora Manoela Marinho. Nesse laboratório ocorreu a pesquisa em 36 exemplares dos lambaris depositados e analisados. Ali foram feitas as medidas e contagens para caracterizar a espécie e distingui-las das demais.

O lambari é um peixe amplamente distribuído pela bacia Amazônica.  A pesquisa da qual participou Darlim começou em agosto de 2014 e foi concluída em julho de 2015.  “Foi estudada a morfologia do peixe, feitas comparações com outras espécies e a discussão sobre o relacionamento de parentesco deste peixe com outros”, explica o aluno, que recebeu a bolsa do Programa de Iniciação Científica (PIC) da Unisanta para o projeto.

Antes de iniciar a pesquisa, Darlim estagiou durante cerca de seis meses.  O artigo foi finalizado e submetido à revista no final de julho de 2015 e aprovado em meados de dezembro daquele ano.

“A descrição e a catalogação do peixe é muito importante. Se ainda há espécies desconhecidas, quer dizer que há muito para se estudar, conhecer e mostrar o quanto somos pequenos diante de toda a biodiversidade do planeta”.

Divulgação e importância da pesquisa

“A divulgação do trabalho se deu por meio de quatro congressos. Entre eles, o Congresso Brasileiro de Iniciação Científica (COBRIC) 2014 e 2015 e o Congresso Nacional de Iniciação Científica 2015 e (CONIC), no qual ficou entre os 20 melhores trabalhos na pontuação até a penúltima lista de avaliações). Também foi apresentado no Encontro Brasileiro de Ictiologia (EBI) em 2015. Esse último ocorre a cada dois anos, e é o congresso mais importante da área, voltado somente para pesquisas relacionadas a peixes”, explica.

O gênero de peixes neotropicais Moenkhausia, no qual se incluem os lambaris, é composto por mais de 70 espécies amplamente distribuídas pelas drenagens sul-americanas.

“A nova espécie apresenta uma coloração pálida e diâmetro ocular grande, sugerindo uma preferência por águas mais profundas, sendo o primeiro caso dos representantes sul-americanos da sua ordem de peixes com especialização nesse habitat. A descrição de espécies novas de lambaris da região Amazônica evidencia a diversidade de peixes não catalogados nesse ambiente e a importância de estudos taxonômicos.

Novos desafios

Com uma nova pesquisa em andamento desde o agosto de 2015, Darlim classifica o estudo como um pontapé inicial importantíssimo. “Nunca é um ponto final, ela (a pesquisa) é contínua. Sempre há novidades, sempre devemos nos atualizar, e o mais importante é que, quanto mais conhecemos, mais conseguimos preservar”.

A Zootaxa é uma revista online internacional de renome, cujo foco é publicar trabalhos em taxonomia, especialmente de espécies novas para a ciência (não só de peixes como de outros animais também). Desde seu início, a revista agrega números significativos de publicações em espécies novas, daí sua relevância no meio científico.

“Os trabalhos passam por editores e revisores quando submetidos para a revista. Os critérios que eles utilizam são tanto para a estrutura do texto como para o assunto em si. Avaliam se de fato se trata de uma nova espécie, se todas as análises foram suficientes para sustentar a hipótese, o modo como foi feito, os termos e a formulação das discussões no contexto histórico do grupo em que a espécie pertence. Os critérios são bastante rigorosos”, afirma Gustavo Darlim.