Tendência mundial, a automação vem sendo posta cada vez mais em empresas de vários setores nos maiores portos no exterior. Por em quanto, essas mudanças são inviáveis ao porto santista.

Alunos de Engenharia Civil da Universidade Santa Cecília (Unisanta) estão produzindo um Trabalho Final de Graduação intitulado “Automação em Terminais de Contêineres”. O projeto tem como objetivo verificar o atual estágio operacional de terminais de contêineres do Porto de Santos. A automação é um sistema que emprega processos automáticos, ou seja, faz uso de técnicas computadorizadas ou mecânicas, com a função de impulsionar e melhorar todos os processos produtivos dos setores.

Os estudantes Ítalo Miqueias Ferreira de Araújo, Layla de Oliveira e Rafaella Rodrigues Torres Lapetina, autores do Trabalho, estudaram o funcionamento de terminais convencionais como o do Porto de Santos; o Porto de Rotterdam, localizado na Holanda, considerado o maior e mais importante complexo portuário da Europa, e o Porto da Antuérpia, localizado na Bélgica, segundo maior porto da Europa. Os dois portos europeus já operam com a produção automatizada.

A pesquisa expõe quais são as adequações necessárias para a implantação de operações automatizadas, mediante comparação com as melhores práticas mundiais de automação. E pretende identificar demandas e dificuldades

A automação apressa o processo de movimentação de carga geral e, assim, gera melhores indicadores de produtividade e reduz o risco de acidentes para os trabalhadores. As atividades portuárias têm uma grande influência nas economias dos países, por isso pode ser considerada uma tendência mundial, observam os alunos.

O projeto foi dividido em duas partes: TCC1 e TCC2. Na primeira fase do trabalho os alunos aprofundaram seus estudos na História do contêiner; Tipos de contêineres; e Primeiro terminal do Brasil. Na segunda fase foram estudadas as questões do Benchmarking internacional (um processo de pesquisa que permite a comparação de produtos, práticas empresariais, serviços ou metodologias usadas pelos rivais, absorvendo algumas características para alçarem um nível de superioridade gerencial ou operacional); Empresas especializadas; e Oportunidades e dificuldades de implantação.

Os alunos explicam que os portos públicos e privados do país, ainda estão ligados às gestões públicas. “No caso do Porto de Santos, mais especificamente, a automação vem sendo implantada na medida em que é exigida pelas legislações vigentes, sendo a automação processual a encontrada em maior escala dentro dos terminais”.

Outras conclusões do TCC – É necessário ao Porto passar por diversas adequações para que, no futuro, seja viável a implantação plena de automação processual e operacional. Os principais motivos para essas transações seriam a demanda de mercado atual, já que o Porto de Santos tem capacidade para operar aproximadamente seis milhões de Unidade Equivalente de Transporte (ou TEU – Twenty Foot Equivalent Unit), porém está com cerca da metade da capacidade; as formalidades de mercadorias e agendamento de cargas, impactos sobre custos operacionais, tarifas cobradas pela Autoridade Portuária e a obrigatoriedade de utilização de mão de obra avulsa dentro do Porto, que tem impacto sobre os custos, o que torna momentaneamente inviável o investimento no processo de implantação do sistema de automação.

Após as análises de informações obtidas durante a pesquisa, foi constatado que os contêineres possuem potencial para a implantação de sistemas de automação operacional, porém devido às leis vigentes no Brasil, atualmente ainda é obrigatória à presença de mão de obra avulsa nos portos, o que dificulta o processo de implantação da automação plena nos terminais devido ao impacto social que este geraria.

Os acadêmicos constataram ainda fatores que podem tornar inviáveis a automação, por enquanto: a taxa de padronização não atende ao valor de pelo menos 95% de processamentos, sem exceções; falta de mão de obra especializada e os terminais mais antigos não foram projetados para funcionarem por meio de automação plena, outros motivos que tornam o projeto de investimento inviável no momento.

O resultado ao final das pesquisas foi positivo, segundo os alunos. “Pode-se afirmar que muitas são as adequações necessárias para que o processo de automação seja implantado totalmente no Porto de Santos, tanto no âmbito da infraestrutura dos cais e dos acessos aos terminais, quanto no cumprimento das leis de mercado nacional e internacional. Em relação às demandas, atualmente, em função da retração nas operações de contêineres, os terminais do Porto de Santos consideram mais rentável a atividade de armazenamento dos contêineres em seus pátios”.

Para colocar em prática o que foi estudado, os terminais precisariam passar por um processo de digitalização para viabilizar a plena automatização e, atualmente, não há viabilidade para que seja implantado o processo de automação plena nos terminais de contêineres do Porto de Santos.