A formação do engenheiro  está no foco dos debates que serão abertos dia 20/3. O tema é o desafio  entre a Formação Generalista e Especializada nas carreiras tecnológicas,  assunto de grande importância em uma era de cibersegurança , medicina sofisticada e veículos teleguiados, entre outros avanços.

O engenheiro faz avançar a humanidade, pois contribui praticamente com todas as áreas do conhecimento, inclusive na medicina, como em cirurgias extracorpóreas e aparelhos complexos para exames levados por meio de drones, até o pacientes, o que já ocorre na Holanda. Outra área que preocupa cada vez mais é a Cibersegurança de Informação, em todos os níveis.

Como preparar adequadamente o engenheiro, esse profissional tão necessário?  Esse é o foco dos debates da 1ª Conferência Mundial em Educação Mundial em Educação em Engenharia do IEEE – EDUNINE2017, que será aberta oficialmente a partir de segunda-feira (20/3), às 9 horas, na Universidade Santa Cecília (Unisanta), em Santos, no Auditório do Bloco E.  

O tema do encontro é Educação em Engenharia – Balanceando Formação Generalista e Especializada nas Carreiras Tecnológicas: um Desafio Atual.

No domingo (20), haverá a recepção dos congressistas e workshops.

Os debates prosseguirão até 22 de março, com a presença de pesquisadores da América Latina e de alguns países europeus, como Portugal e Espanha.  Esse é primeiro encontro no continente sul-americano  do IEEE- EDUNINE, “que  vai abrir uma nova rede mundial de conhecimento dentro da região 9 do IEEE Education Society”, afirma o engenheiro e professor doutor Cláudio da Rocha Brito, presidente do EDUNINE2O17, do COPEC- Science and Education Reserch Council e do IEEE Education Society 2017 – 2018.  A região 9 refere-se à  América Latina.

Nova rede de conhecimento

O Brasil foi escolhido “por ser o maior e mais desenvolvido país do continente. A Unisanta, por ser a maior universidade da área de Engenharia da região” , acrescenta Rocha Brito.  A Conferência “vai abrir uma nova rede mundial de conhecimento dentro da região 9”, diz. “Esta é uma grande oportunidade para ouvir os palestrantes de ponta e de interagir com colegas em um ambiente internacional”.

Rocha Brito é um profundo conhecedor das escolhas didáticas na Engenharia. Explica que no Brasil e nos países europeus há preferência por uma educação generalista, baseada no princípio da engenharia politécnica, criada por Napoleão Bonaparte.   Na educação generalista, forma-se o engenheiro que, mesmo altamente especializado, sabe um pouco de todas as especializações, o que acrescenta algo mais ao seu currículo. No começo do curso, de seis anos, há sempre uma formação de Ciências e conhecimentos básicos, para depois entrar nos 5 anos restantes de  conhecimento específico forte.

Prestígio do engenheiro brasileiro

Esse perfil generalista, conhecido também como modelo antigo, é o preferido na Europa. “Empresas da Alemanha e a França todo ano enviam pessoas ao Brasil para captar engenheiros brasileiros”, revela Rocha Brito. Nos Estados Unidos, a predominância é a formação exclusiva das especializações.

O ensino de Engenharia no Brasil foi regulamentado pela Lei 48/76, instituindo a obrigatoriedade de seis anos de curso. As especializações começaram na década de 60, e tiveram maior intensidade na década de 80. Na Unisanta, o modelo generalista foi adotado desde o começo de seu primeiro curso superior, o de Engenharia Operacional, que está completando 40 anos em 2017, lembra o diretor da Faculdade de Engenharia e Arquitetura, Antonio de Salles Penteando. Há uma formação básica de ciências e princípios gerais de engenharia no primeiro ano, em  todos os cursos, e uma especialização intensa dos anos restantes.

Experiência da Unisanta

Criado inicialmente para formar engenheiros para o Parque Industrial de Cubatão e o Porto de Santos, com aulas noturnas, visando atender o estudante que trabalha durante o dia, o curso então chamado de Engenharia  Operacional na Unisanta foi acompanhando as transformações e exigências do conhecimento e da Baixada Santista, mudou de nome e se desdobrou  em outros específicos, como Engenharias Civil, de Computação, Engenharia Elétrica, Eletrônica, de Petróleo,  Química e de Produção.

A formação generalista não exclui um olhar atento para as necessidades específicas da região, como os alertas sobre marés e ressacas. Ligado ao curso de Engenharia Civil, está o Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas da Universidade Santa Cecília (NPH). O Núcleo se utiliza de ferramentas computacionais sofisticadas do sistema AQUASAFE para fornecer à Defesa Civil de Santos, Praticagem e outros órgãos, e pela Internet, em tempo real ao público, no site nph.unisanta.br,  as previsões numéricas de marés, ondas e correntes, em boletins diários e extraordinários, quando necessário, permitindo alertas e medidas preventivas pelas autoridades,  no caso de ressacas.

A experiência da Unisanta no ensino da Engenharia foi o motivo de sua escolha para sediar a 1ª EDUNINE na América do Sul. Pela primeira vez, o presidente do IEEE Education Society é um latino-americano, Cláudio da Rocha Brito. “Tivemos um presidente da Espanha há alguns anos e depois todos foram norte-americanos. O IEEE tem 495 mil associados e é a maior sociedade científica do mundo em tamanho”, conclui Rocha Brito.

As próximas conferências serão no Peru (2018), na Argentina (2019) e no Uruguai (2020

O EDUNINE2017  é considerado um congresso único e inovador, que traz os tomadores de decisões, pesquisadores e acadêmicos de muitos países para intercâmbio de ideias e pesquisas relacionados ao desenvolvimento e qualidade em Educação em Engenharia, além de assuntos relacionados. “Esta é uma grande oportunidade para ouvir os palestrantes de ponta e de interagir com colegas em um ambiente internacional”.

Os trabalhos selecionados e debatidos serão revisados por pares que irão avaliá-los com base na originalidade, técnica e/ou conteúdo/profundidade da investigação, exatidão, relevância para a conferência, contribuições, e legibilidade. O Inglês será a língua do encontro.  Veja o programa no site HTTP://www.edunine.eu/

Divisões do IEE – O IEEE está dividido em dez áreas no mundo. As áreas de 1 a 6 estão nos Estados Unidos, a 7 é no Canadá, a 8 na Europa e África, a 9 na América Latina e a 10, na Ásia e na Austrália. O IEE promoveu uma conferência nas áreas de 1 a 7 (FIE Conference). Em 2010, foi criada a 8 (EDUCOM), e, em 2016, a TALE, na área 10.